Rafah é linha vermelha. Biden admite que armas dos EUA têm servido para matar civis em Gaza

por Cristina Santos - RTP
Reuters - arquivo

Pela primeira vez, o presidente dos Estados Unidos admite que "civis foram mortos em Gaza como consequência" do armamento que os norte-americanos têm enviado para Israel. Joe Biden garante também que vai suspender o envio de bombas e outro armamento para os israelitas, caso a cidade de Rafah seja invadida.

Este aviso, deixado em entrevista à CNN, parece ser um ponto de viragem no conflito de sete meses entre Israel e o Hamas, mas também um reconhecimento do papel que os Estados Unidos têm desempenhado neste conflito, ao admitir que as bombas norte-americanas têm sido usadas para matar civis em Gaza.

Isto porque o presidente - e candidato a um segundo mandato na Casa Branca - tem manifestado apoio total a Israel para perseguir o Hamas. O plano israelita para uma ampla ofensiva terrestre em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde um milhão de civis palestinianos procurou refúgio, terá mudado o pensamento de Biden.
Após a pressão que tem recebido para limitar o envio de armas, por causa da crise humanitária em Gaza, Biden surpreendeu.“Deixei claro que se eles forem para Rafah – eles ainda não foram para Rafah – se eles forem para Rafah, não fornecerei as armas que têm sido usadas historicamente para lidar com Rafah, para lidar com as cidades”.

Ainda assim, entrevistado pela CNN, Joe Biden fez questão de garantir que os EUA continuariam a fornecer armas defensivas a Israel, inclusive para seu sistema de defesa aérea, Iron Dome, ou Cúpula de Ferro, dependendo do que acontecer em Rafah. 

Estas declarações podem afastar Biden e Netanyahu, que conversaram ao telefone na segunda-feira, enquanto Israel ordenava a retirada de dezenas de milhares de civis de Rafah e lançava ataques perto das áreas fronteiriças da cidade.
“Joe, o genocida”

A seis meses das eleições presidenciais norte-americanas, o recandidato Biden assegura que tem escutado a mensagem dos acampamentos em várias universidades. Os crescentes protestos por causa do apoio a Israel têm sido dominados por uma frase: “Joe, o genocida”.

Contudo, o presidente alerta contra os protestos que se transformam em discurso de ódio ou anti-semitismo.

“Existe um direito legítimo à liberdade de expressão e de protesto
(…) mas não é legítimo ameaçar estudantes judeus. Não se pode bloquear o acesso das pessoas às aulas. Isso é ilegal”.
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